04 de julho de 2012: Quem esteve no Pacaembu ou assistiu pela televisão, como milhões de torcedores e antis, nunca esquecerá desse dia. Corinthians campeão da Libertadores. Finalmente a redenção de quem passou décadas sendo chacota de adversários por não ganharem o torneio continental. Só o torcedor que sentiu sabe o que erá ser gastado por simplesmente não ganhar o torneio. Faltava argumentos com as palavras para defender o Corinthians como time gigante. A partir deste dia, o argumento viria com tamanha naturalidade e orgulho: "Corinthians campeão invicto da Libertadores". E não poderia ser num enredo melhor, ganhando do maior de todos da América, O Boca Júniors. Para relembrarmos desse dia, precisamos voltar ao início daquela trajetória, no dia 15 de fevereiro.
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| Escalação do Corinthians no início da Libertadores |
Naquele dia o Timão entrava em campo na Venezuela contra o Deportivo Táchira, time limitado que naquela edição ficou em último no grupo. Mesmo assim sabíamos que seria um jogo difícil em que saímos atrás do placar. Ah, se não fosse a cabeçada de Ralf! Hoje não poderíamos dizer "invictos" após a frase "campeão da libertadores". Com aquele gol, mesmo diante de toda insegurança parcial, sabíamos que aquela Libertadores já era nossa. Depois dali tivemos uma tranquilidade quase que surreal, não-corintiana, para se classificar para as oitavas de final, com direito a um 6 a 0 nesse mesmo Táchira que quase custou nossa invencibilidade ao final do torneio. 14 pontos na conta e a segunda melhor campanha da primeira fase.
Nas oitavas surgiu um novo herói: Gigante Cássio que herdou a vaga de titular de Júlio César e superando a concorrência do então reserva imediato Danilo Fernandes. Naquele jogo Cássio fechou o gol, simplesmente nada passou contra o Emelec. Dali em diante o arqueiro não deixou mais a meta do Corinthians. A gente na época não entendia, mas hoje sabemos que era necessário aquela eliminação precoce no Paulista contra a Ponte Preta em falhas de Júlio César, não só por esse jogo contra o Emelec, mas por um capítulo a parte que Cássio escreveu que veremos mais a frente. Em casa despachamos o time equatoriano com um 3 a 0 soberano.

17 minutos do segundo tempo, pressão corintiana no Vasco em pleno Pacaembu, no segundo jogo após empatar em São Januário por 0 a 0. A bola sobra para o último homem: Alessandro que numa tentativa de jogar a bola à frente encontrou a barreira Diego Souza que pegou aquela bola e partiu livre em contra ataque com ninguém a sua frente. Naquele momento o coração do corintiano congelou. Sabíamos que fazer 2 gols àquela altura do jogo seria impossível. Pela primeira vez sentimos a sensação de que aquela Libertadores não era nossa. Quando já esperávamos o pior, quem apareceu? Gigante Cássio. Tirou aquela bola com a ponta dos dedos suficientemente o necessário para aquele arremate de Diego Souza não entrar, capítulo a parte do nosso goleiro. Alívio... Ali sabíamos que nada mais poderia tirar aquele título de nossas mãos. Mais a frente, outro herói, remanescente da eliminação para o Tolima no ano anterior, Paulinho, classificou o Corinthians para semi-final numa cabeçada no final do jogo. Até então maior explosão de felicidade que tivemos naquela Libertadores. Ali já sabíamos que éramos campeões, só faltava pegar a taça, mero protocolo.
Na semi-final dois duelos equilibrados com o Santos de Neymar, conseguimos ganhar lá na vila com 1 golaço de Emerson Sheik, herói que ainda daria as caras na final. No jogo de volta em nossa casa saímos atrás do placar, entretanto outro herói surgiu: Danilo, Ou Zidanilo como queira. Como sempre decisivo. Nos tirou do sufoco naquele jogo, pois se tomássemos outro gol do Santos e o placar ficasse 0 a 2 já era o título.
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| Escalação na final |
No primeiro jogo da final contra o temido Boca, jogamos como sempre, na defesa a espera do contra ataque. Mas não contávamos que o time xeneize sairia na frente tão cedo, mesmo Chicão colocando a mão na bola tentando evitar o gol. Mas quer saber, ainda bem que foi gol e tivemos nosso camisa 3 por todo aquele jogo e no jogo de volta na nossa casa. Grande campanha dos nossos dois zagueiros: Chicão e Castán. Mas 1 a 0 era um resultado ruim, precisávamos de outro herói, dessa vez um bem improvável. Romarinho saiu do banco e fez o gol do títu.., digo do empate daquele jogaço.
Título no Pacaembu, na nossa casa: Mera questão de tempo.
Finalmente estávamos no dia 04 de julho de 2012, data em questão. O jogo de volta foi bem mais tranquilo do que as quartas, semis e primeiro jogo da final. O clima era todo nosso, o título já era nosso. Foi nesse clima com mais de 40 mil torcedores no pacaembu e 30 milhões de corintianos em suas casas torcendo, que o nome mais decisivo daquela Libertadores apareceu novamente: Emerson Sheik, fez os dois gols, deu carrinho, mordeu argentino... fez de tudo! Simplesmente empurrado pelos milhões de torcedores representados pelos 40 mil que estavam no estádio, que em nenhum momento naquela Libertadores, nem no momento mais dramático vaiou o time, sempre apoiou.
Fim do jogo, Corinthians campeão da Libertadores invicto para a tristeza dos antis! Heróis como Ralf, Danilo, Paulinho, Romarinho, Cássio, Sheik e todos aqueles que fizeram parte daquele time sempre estarão nas nossas memórias naquele título do dia 04 de julho de 2012. Mas cá entre nós, já era nosso antes de ser!